Significancia.jpeg)
(In)Significância
Ficha Técnica
Janaina Maria Rodrigues Gonçalves
Texto de apresentação da obra
(In)Significância é uma produção visual que mostra como mantemos nossos olhos atentos para o alto, mas sempre na perspectiva para a impossibilidade da permanência, enxergando, nos tons do azul e do branco das nuvens a perfeita-imperfeição do momento, transitando entre o fugaz e o instante demorado. As nuvens, muitas vezes consideradas repetidas aos olhos comuns, são apenas fumaças repetidas, mas irrepetíveis e mutáveis aos olhos dos sensíveis, curiosos e reparadores. Essas repetições caracterizam possibilidades infindas daquele que não haverá nunca de ser o mesmo, e, talvez, nem o outro. As nuvens representam o encantamento no olhar para o agora enquanto o silêncio e o solitário pairam no ar olhando pelas retinas do novo e último.
Olhares.jpeg)
(Re)Olhares
Ficha Técnica
Janaina Maria Rodrigues Gonçalves
Texto de apresentação da obra
(Re)Olhares é uma produção visual que mostra como os ribeirinhos, moradores do bairro da Barra do Ceará (Fortaleza/CE), se misturam ao mar e ao sol, não havendo separação entre corpo e ambiente.

A felicidade é orgânica
Ficha Técnica
Cauê Oliveira Aguiar Sousa
Texto de apresentação da obra
(In)Significância é uma produção visual que mostra como mantemos nossos olhos atentos para o alto, mas sempre na perspectiva para a impossibilidade da permanência, enxergando, nos tons do azul e do branco das nuvens a perfeita-imperfeição do momento, transitando entre o fugaz e o instante demorado. As nuvens, muitas vezes consideradas repetidas aos olhos comuns, são apenas fumaças repetidas, mas irrepetíveis e mutáveis aos olhos dos sensíveis, curiosos e reparadores. Essas repetições caracterizam possibilidades infindas daquele que não haverá nunca de ser o mesmo, e, talvez, nem o outro. As nuvens representam o encantamento no olhar para o agora enquanto o silêncio e o solitário pairam no ar olhando pelas retinas do novo e último.

A Lua, Iracema e Fortaleza
Ficha Técnica
Rebeca Maria Gadelha de Sousa
Texto de apresentação da obra
A Lua que brilha no alto do céu, sobre o mar, à Beira Mar, iluminando o caminho para os que seguem em silêncio ou fazendo burburinho. Iracema, protetora e guardiã, a bela indígena dos lábios de mel, como o véu da Lua que a contempla distante no céu. Fortaleza, do azul do céu às águas do mar, de Iracema, que se ergue imponente para com a Lua, lá no céu, nos guardar.

Amores Urbanos
Ficha Técnica
Lara Denise Oliveira Silva
Texto de apresentação da obra
As narrativas visuais apresentadas sob o título de Amores Urbanos é um desdobramento de projeto de pesquisa intitulado Fortaleza de Afetos o qual reúne desde 2018 imagens de frases, palavras, riscos, desenhos e outras intervenções feitas em superfícies públicas de cidades, particularmente Fortaleza, capital do Ceará. As imagens catalogadas, feitas com dispositivo móvel, migraram das ruas para o virtual em perfil do instagram @umafortalezadeafetos, um blog de mesmo nome e em uma Tese, desenvolvida no Programa de Pós-graduação em Sociologia da UFC sob o título de Fortaleza de Afetos: imagens e narrativas de uma cidade entre muros, posteriormente publicada em livro. Devido a “natureza” das imagens captadas – em ruas, espaços de ruína, abandono ou refugo– a câmera do celular foi o dispositivo utilizado. Sua praticidade foi decisiva para essa escolha. Nesse sentido, incide nas perspectiva e enquadre das imagens, bem como na sua baixa qualidade. As imagens selecionadas buscam captar os afetos nas declarações públicas de amor. A palavra “amar”, escrita na parede externa de um bar, disputando a paisagem com a sombra de uma árvore e feita com letra minúscula, tinta na cor preta e uma caligrafia que no último “a” prolonga o desenho da letra quase que imitando o movimento do mar, relatada no trecho compartilhado a seguir, bem como tantas mais catalogadas e registradas no processo da pesquisa, parecem indicar que há camadas outras além do concreto das ruas, avenidas, praças, prédios e outros objetos construídos. Falar da categoria afetos provoca por vezes um emaranhado entre fronteiras, que alterna entre objetividade e subjetividade, materialidade e formas nãos visíveis de apreensão e análise. Alento, amar, assim como outras palavras que riscam as ruas percorridas e relatadas aqui, traçam linhas que se cruzam entre o público e o espaço íntimo, entre a cidade e os afetos. Agora compreendo que afeto é aquilo que passa pelo corpo, convoca os sentidos, convida a errância e envolve corporalidade no deslocar-se pela cidade, seja para escrever em muros e paredes ou procurar com mãos, olhos e caminhadas, feito leitora ou escafandrista, o que foi escrito. Há uma intuição de que as respostas ao questionamento sobre o que da cidade nos afeta se encontram escondidas atrás de outras perguntas, cujas respostas vão emergindo ou se constituindo em uma “caminhada de reflexões”. Há de se estar atento e preparado para buscar o afeto nas entrelinhas, nos interditos, nas narrativas visuais.

“AQUI É UMA PASSAGEM”:
a necrópole e as oferendas afro-religiosas
Ficha Técnica
Luiz Fernando de Assunção Corrêa
Texto de apresentação da obra
As imagens presentes estão dentro do escopo fotoetnográfico de cunho antropológico visual. A pesquisa foi iniciada em 2024, está vinculada ao Grupo de Estudo e Pesquisa em Antropologia da Morte (GEAM/UFPA), e se estende até a atualidade, na medida em que a pesquisa ganha corpo, de forma livre e voluntária. Nelas apresenta-se o Cemitério Santa Izabel em Belém/PA por meio de oferendas afro-religiosas no Cruzeiro das Almas, cujo espaço é apropriado aos devotos de religiões de matrizes africanas. Em meios aos alguidares (objeto feito de barro), bebidas, comidas/alimentos e forças encantadas, nota-se a contínua presença de pessoas de terreiro que usam o espaço cemiterial para agradar suas divindades, a morte, o morrer e suas nuanças, para além do enlutamento. Aos afro-religiosos, a morte não é o fim, ou seja, o campo místico da necrópole é agenciado por orixás, entidades, encantados, espíritos, almas, eguns, etc. cada um a seu modo e sua missão espiritual na vida humana ou não humana, seguindo a lógica espiritual de cada vertente. Dito isto, as fotos mostram comidas de orixás como a pipoca de Omolú/Obaluaê; o pão e a água para agradar as almas; padês (farofa de dendê), champagne e outras bebidas alcoólicas para exús e pombagiras - entidades “castiças” com forte predominância em necrópoles; balas e bombons para exú mirim ou erês, entidades infantis nos terreiros; ou até mesmo outros trabalhos religiosos (que não se sabem sua finalidade ou essência), mas que estão agregados no espaço da “calunga pequena” como uma forma de conexão a essas forças do campo cemiterial e sobrenatural.

“Arreda, homem, que chegou mulher!”:
insubmissas mulheres sagradas
Ficha Técnica
Jean dos Anjos
Texto de apresentação da obra
As pombagiras são entidades femininas que incorporam em terreiros de umbanda por todo o Brasil oferecendo aos que nelas acreditam tudo o que desejam. Pombagiras são exus, ou seja, são divindades da comunicação, da alegria, da sexualidade e da liberdade. Trabalham no terreiro dançando e girando. Fumam, bebem e gargalham. É assim que o sagrado dessas mulheres opera: quanto mais uma pombagira gargalha, mais força ela dá a quem está precisando. Pombagira é de cura, é de amor e é de vencer qualquer questão. As imagens que compõe esta narrativa visual dão conta de pombagiras trabalhando no terreiro. Suas aparições extraordinárias movimentam o mundo religioso com a beleza e a sedução que elas carregam. Quando chegam tomam conta do ambiente afirmando que são elas que mandam e não baixarão a cabeça para ninguém: “Arreda, homem, que chegou mulher!”.

Atrás do Muro Azul
Ficha Técnica
Gabriela Bruni de Ferreira Bandeira
Texto de apresentação da obra
Durante o ano de 2021, após cursar o primeiro semestre como mestranda no PROFSOCIO - UFPR, optei por escrever uma autoetnografia de minha prática enquanto professora de Sociologia na "Escola do Muro Azul", que fica no bairro CIC (Cidade Industrial de Curitiba). As fotos desta narrativa são uma tentativa de investigação do cotidiano da Vila que abriga a escola, das praças vazias, de lugares que começavam a tornar-se familiares. Caminhando pelo bairro, fotografava, esboçava minha escrita e delineava os capítulos de uma dissertação, com sensações que ultrapassavam os limites do espaço escolar. Quando alunos me contavam, em sala de aula, das coisas que aconteciam na Vila, conseguia visualizar os ocorridos com imagens muito mais nítidas, pois pude conhecê-la através de meus pés e de meus olhos. A dissertação chama-se “Fazer e passar por: experiências do ensino de sociologia nas ruínas”, e certamente, fotografar o entorno da escola influenciou não apenas o título, mas todos os contornos do texto. As fotografias não estão dentro do trabalho, mas o compartilhamento dessas “sobras”, dão mais sentido às palavras escolhidas para descrever meu cotidiano enquanto professora.

Cadeia técnica e cultura alimentar:
o preparo do caranguejo na barraca marulho, praia do futuro
Ficha Técnica
George Albuquerque
Texto de apresentação da obra
Este ensaio foi produzido entre os meses de maio e setembro do ano de 2024, na Barraca Marulho, localizada na Praia do Futuro, em Fortaleza, Ceará. É fruto de uma pesquisa inicial referente ao inventário cultural da Praia do Futuro que está em produção. As fotos realçam a dimensão técnica das etapas durante o processo de preparo do caranguejo (Ucides cordatus). A seleção dos caranguejos, o abate, a limpeza, o cozimento e a conservação exigem perícia e, principalmente, capacidade de resolver problemas como, por exemplo, a criação de ferramentas para ações específicas. De acordo com os agentes envolvidos, cada barraca existente na Praia do Futuro possui um modo singular de preparo do caranguejo. Essa diversidade é expressa através da cadeia técnica. Tais práticas colaboraram para que em 7 de janeiro de 2025, através da lei de n° 15.092, as barracas fossem reconhecidas como patrimônio cultural brasileiro.

Ceará negro e indígena:elos e territorialidades existentes
Ficha Técnica
Bruna Dayane Xavier de Araújo
Texto de apresentação da obra
As fotografias que compõem o projeto “Ceará negro e indígena: elos e territorialdiades existentes" foram tiradas em trabalho de campo vinculados a minha pesquisa de pós doutorado que está em curso. Venho pesquisando as experiências de territorialidades, resistências, defesa da biodiversidade e a construção das identidades étnico-racial, desenvolvidas e articuladas pelo povo indígenas e quilombolas no estado do Ceará. sobre os processos de retomada e fortalecimento da identidade indígena e quilombola no estado do Ceará. De acordo com o pesquisador Alex Ratts (2009), nos livros de história do Ceará, o discurso que predominava, sobretudo até 1980, era de que não havia mais “índios” e negros no estado do Ceará. A justificativa era que após as guerras de extermínio, a miscigenação e os aldeamentos católicos esses grupos étnicos foram “diluídos” no restante da sociedade. Além disso, houveram decretos estabelecidos afirmando que os negros e os indígenas foram “extintos” na provincia do Ceará, por exemplo. Esse apagamento dos indígenas, que nos revela um racismo institucional histórico, ocorreu em plena vigência da Lei de Terras (1850) que definia o acesso à terra no Brasil através unicamente da compra, o que afastava o segmento pobre da sociedade, principalmente, negros e indígenas. O etnocídio e genocídio indígena e negro que se estabeleceu no território brasileiro e, em especial, no território cearense demarca a emergência de visibilizar e fortalecer o enraizamento dos diversos povos indígenas tradicionais e quilombolas no estado. Estas fotografias são registros no intuito de contribuir para visibilização do modo como esses sujeitos, nos seus territórios, fortalecem seus modos de vida e território e os bens comuns. Refletir sobre os processos de retomadas e de fortalecimento de suas identidades étnico-raciais. Como é cantando na música this is not america, da banda Residente: "Aquí estamos, siempre estamos, no nos fuimos, no nos vamos”.

Entranhando o Maquinário: Acessando Memórias Através da Costura
Ficha Técnica
Eve Costa
Texto de apresentação da obra
“Entranhando o maquinário: Acessando memórias através da costura” é o encontro das memórias que as costuram alinhavam. Imagens de imagens, fotografadas, reveladas, scaneadas. Imagens de imagens, tomando uma força narrativa a cada camada em que é explorada. Imagens que se sobrepõem sobre elas mesmas, sobre as memórias das interlocutoras, sobre os retalhos de tecido que remontam histórias. A intenção é retirar a camada pictórica do maquinário, e acessar as memórias que estão entranhadas nele. As fotografias seguem um rumo ficcional, de montagem, às vezes até mesmo nostálgico. A narrativa é dividida em três partes, onde seguimos os objetos de costura, as memórias, as camadas de tecido e por último, o findar do ciclo, a costura.

Entre Arremessos e Sonhos
Ficha Técnica
Daniel Chaves Ferreira
Texto de apresentação da obra
As fotografias têm como proposta evidenciar e nos fazer refletir sobre as mudanças ocorridas na Rua Betônio Frota, localizada no bairro Cidade Nova, na cidade de Crateús-CE, a partir da instalação de uma quadra de basquetebol na modalidade 3x3. Essa quadra foi construída pela própria comunidade, ressignificando o espaço da rua antes destinada exclusivamente à mobilidade. Por meio de 10 fotografias, é possível observar como essa intervenção altera a dinâmica da rua e as relações da juventude com o território que antes era voltado apenas para a circulação de carros, motos e pedestres passa a ganhar vida, tornando-se um ponto de encontro da comunidade. A rua transforma-se com a convivência das brincadeiras das crianças e a interação dos jovens em atividades esportivas e de lazer. A quadra promove uma nova dimensão ao espaço urbano, despertando o pertencimento e valorização da rua entre os moradores. No coração dos sertões de Crateús, emerge uma nova expressão cultural. O basquete, com seu estilo próprio, gírias e trilha sonora, introduz uma vivência diferenciada da realidade habitual, ampliando os horizontes simbólicos e culturais do território.

Esperançar
Ficha Técnica
Luiz Antonio Araújo Gonçalves
Texto de apresentação da obra
Os períodos de estiagem no semiárido brasileiro, em especial, do Nordeste, são manifestos do desejo pelo advento de uma quadra chuvosa, de semear, de cultivar, de celebrar a colheita. Em meio à vegetação seca, o imaginário fantasia, contorna, idealiza, ganha o céu, parecença em nuvens e raios que chegam a tocar o chão e quando o tempo está nublado, e bendita seja a rama que espalha o ato de ter esperança. Os registros fotográficos foram feitos no município de Maranguape/CE buscaram registrar, justamente, esse tempo tão aguardado, o tempo de esperançar.

Mesas estudantis – trabalhadoras
Ficha Técnica
Katiuci Pavei
Texto de apresentação da obra
O ensaio fotográfico busca registrar uma experimentação artística na forma de instalação, que parte da minha visão circunscrita enquanto professora-pesquisadora da área de Ciências Sociais e tem a intenção de tentar trazer fragmentos narrativos e expressar de forma figurada ficcional a minha interpretação sobre as representações situações narradas por estudantes da modalidade de ensino Educação de Jovens e Adultos. Sentia que, para estabelecer uma relação dialógica na minha prática docente, precisava propor iniciativas que abordassem as percepções sobre o retorno à escola e ao cotidiano escolar, as diferentes motivações e compreensões do que é ser novamente estudante, bem como os desafios enfrentados nessa jornada. Considerava essencial o meu envolvimento próximo e afetivo com essas pessoas, uma vez que fui aprendendo a ser professora e antropóloga com as/os estudantes. A proposta surge a partir da escuta atenta sobre suas trajetórias escolares interrompidas e retomadas, suas tristezas e alegrias, seus saberes práticos e de ofícios, bem como suas práticas para estarem estudando e trabalhando, principalmente no turno da noite, após uma longa jornada laboral ou de busca por emprego, tendo uma gama de responsabilidades e de dificuldades. A tentativa de uma prática que se aproximasse de uma etnografia sensorial mobilizada pela reconstrução do nosso lugar de encontro etnográfico - a sala de aula - e a escolha de objetos laborais performando escolaridade, representa a presença do mundo do trabalho na vida de pessoas jovens, adultas e idosas que retornam aos estudos na EJA. Vidas diversas resgatando sonhos, lutando por direitos e agenciando projetos futuros. Também é um convite a pensar sobre a própria evasão escolar anterior, devido à necessidade de trabalhar precocemente, bem como, o risco de nova evasão presente, uma vez que os empecilhos e questões sociais que causam esse fenômeno brasileiro permanecem no cotidiano de populações mais vulneráveis socioeconomicamente que não tem o certificado de conclusão da educação básica. Apesar de aqui listar um sentido inicial de entrada a visão, em cada imagem revelada no papel (foto) ou montada na versão tridimensional (instalação) invocava a sensorialidade múltipla. Fui percebendo essas constatações nos momentos de socialização durante as exposições, acompanhando os comentários e as reações que as pessoas estavam expressando, assim como, no próprio processo de construção quando os meus sentidos também foram sendo acionados movidos pelas memórias corporificadas perpassadas pelas subjetividades. Assim o duplo de - experiência e percepção sensoriais - foram atravessando nossos corpos nesses encontros etnográficos e práticas de expressividades, cujos resultados ficaram artísticos. Como uma espécie de jornada antropoética, unindo a arte e a antropologia. Essa produção está vinculada ao Projeto de Pesquisa-Ensino e Extensão Imagens e Retratos da EJA (@imagens_e_retratos_eja). 2023, Brasil, Porto Alegre/RS
Negras poéticas: sonhar para (re)existir

Ficha Técnica
Guilherme Nogueira de Souza
Luís Paulo Cruz Borges
Texto de apresentação da obra
O presente ensaio fotográfico, Negras poéticas: sonhar para (re)existir, assume o cotidiano como lugar de partilha da vida, da poesia e dos sonhos. As crianças e jovens, aqui presentes, apresentam potência em suas muitas e múltiplas formas de sonhar e, por isso mesmo, de (re)existir. O sonhar torna-se dimensão política da vida que está no presente e no futuro. Aquilombando-se nas infâncias e juventudes cada imagem nos leva a pensar que, para além das mazelas sociais causadas pela dor da violência, os movimentos de sorrir, jogar bola, brincar, correr, enfim, ser no mundo, evidenciam as existências de negras poéticas que precisam ser potencializadas, ou seja, uma poesia do cotidiano que emerge nas/das brechas de cada vida aqui fotografada. Objetivamos com essas imagens partir, voltar e repartir... Sentidos de vida, de esperança e, sobretudo, de (re)existências negras em uma ancestralidade que se encontra viva nas crianças e jovens. Reafirmamos que a percepção da imagem está voltada para dimensão racial, contudo, fugimos da narrativa única do sofrimento, queremos mais... Relacionar poesia e negritude também é um caminho possível de sonhar muitos mundos de belezas, alegrias e afetos.

O QUE APRENDEMOS FORA DA SALA DE AULA NA ESCOLA WALTER MARINHO?
TRABALHO, PESQUISA, ENSINO E AFETO
Ficha Técnica
Paulo Ênio de Sousa Melo
Nilson Almino de Freitas
Texto de apresentação da obra
As imagens em exposição apresentam o afeto, o trabalho e a pesquisa. São 2 (dois) anos como Coordenador Pedagógico na Escola Municipal de Ensino Fundamental Prefeito Walter Marinho, em Hidrolândia – CE, acumulando experiência de ensino e afetividade nas relações cotidianas com a Comunidade Escolar (professores, funcionários gerais, alunos e pais e responsáveis). Também vemos a escola como o espaço de pesquisa junto ao PROFSOCIO/UVA, no qual as imagens do ambiente e das relações estabelecidas no cotidiano escolar são fontes históricas e sociológicas, através das quais nos pomos a pensar sobre o ensino escolar, a pesquisa e o afeto em espaços do poder. Os registros ora apresentados em foto impressa perpassam a formação das crianças e adolescentes e da Comunidade Escolar na Educação Básica. A intenção desses registros fotográficos é despertar o olhar e explicar com o suporte fotográfico que a cada evento realizado nos encontramos, ou nos distanciamos, ensinamos e aprendemos nas diversas atividades diárias dentro ou fora da sala e da Escola: reuniões, gincanas, cafés coletivos, apresentações teatrais, feiras de ciências, aula de campo, festa junina, Interclasses, família na escola, etc.

Poesia Estranha
Ficha Técnica
Lara Denise Oliveira Silva
Texto de apresentação da obra
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O TRANÇAR DO CIPÓ: SABERES E FAZERES QUE ENRAÍZAM
Ficha Técnica
Maria da Conceição de Jesus Araújo Carmo
Luiz Antônio Araújo Gonçalves
Texto de apresentação da obra
As fotografias irão mostrar o saber-fazer do artesão Alberto Eleuterio da Costa, com 61 anos, que trabalha com o trançado do cipó, ofício que exerce desde a infância. E entrelaçando, a peça vai ganhando forma e sentido como se a própria mata sussurrasse histórias antigas. Cada curva trançada carrega o peso de um saber que foi adquirindo a ver os pais fazerem ainda menino com o silêncio do tempo. O cipó, que se enrosca, resiste, enverga, mas não quebra, é metáfora viva da cultura popular: firme, resistente e moldada pela experiência. O que parece simples é, na verdade, um ato de profunda criação – um gesto que reafirma identidade, território e memória.

Raízes da cura: conexões entre o campo e a cidade
Ficha Técnica
Bruna Dayane Xavier de Araújo
Texto de apresentação da obra
Esta exposição fotográfica, considero também que esteja no campo da instalação, visto que ela terá outros elementos, além das fotografias em em si. “Raízes da cura: conexões entre o campo e a cidade”, realizará um diálogo sobre o uso de plantas medicinais, um eixo significativo das expressões de ruralidades, trazendo dois espaços diferentes: o campo e a cidade. Iremos interagir em ambientes com fotografias e elementos (ervas secas) que despertem a nossa sensibilidade para o uso de saberes populares tão antigos, como o manuseio de plantas medicinais. O ambiente da exposição fotográfica trará registros do campo e também da cidade. Registros fotográficos de pessoas, das áreas rurais, que detém o conhecimento sobre o uso de plantas medicinais (geralmente, conhecidas em algumas regiões do estado do Ceará como mezinheiras/ mezinheiros) e o seu convívio no espaço agrário onde moram. Somando a imagens de expressões de ruralidades no espaço urbano, como, por exemplo, o mercado São Sebastião e bancas de ervas no centro da cidade de Fortaleza. As ramificações das raízes da cura, um dos elementos centrais de um universo de ruralidades, chegam à cidade através das hortas, mas também através de lócus de venda de ervas medicinais, busco ilustrar essa vivência sociedade-natureza. Esta exposição tem como objetivo promover uma experiência sinestésica e de sensibilização do público no tocante aos saberes e experiências de usos de plantas medicinais realizadas por pessoas comuns no seu dia-dia, seja no espaço agrário e urbano. Tem como objetivo desenvolver uma reflexão sobre os saberes populares ancestrais e que são repassados ao longo várias décadas e séculos, através da oralidade. Construindo laços comunitários e territoriais, vínculos com os elementos da natureza e buscando fissuras na modernidade e no progresso existente. "Raízes da cura" se propõe a falar sobre a ancestralidade, a voltar-se para as nossas raízes culturais, para as expressões de um saber e cultura popular repassados por gerações ao longo do tempo, tendo como base o modo de ser e existir dos povos tradicionais. “mais moderno que todos os modernos, eu sou uma força do passado” expressa Didi-Huberman. Propomos uma arte sensível e reflexiva, uma experiência muito além do que a câmera fotográfica registra. Um encontro entre a fotografia e a realidade. “Entre sujeito e objeto que pode nos ajudar a entender um pouco a relação entre arte e vida, realidade e percepção, olhar e deixar-se olhar, entregar e receber” Cao Guimarães (2007). Assim as fotografias são também registros de experiência, de entrega, envolvimento com o campo e a cidade. Esta exposição fotográfica é composta por 10 fotografias impressas em tecidos, com o tamanho aproximadamente de um metro e vinte centímetros, serão expostas em varal. Além das fotografias em tecidos, há oito fotografias impressas em um suporte de mdf, com tamanho 10x15 cm. Estas últimas ficarão dentro de bacias de alumínio com várias ervas medicinais dentro. De acordo com as fotografias abaixo.

Religião, turismo e política: a escatologia na Catalunha
Ficha Técnica
Marcos Alexandre dos Santos Albuquerque (PPCIS/UERJ)
Texto de apresentação da obra
Provocado por Bataille e pelo surrealismo etnográfico de Clifford, procuro neste ensaio pensar a identidade catalã pela sua escatologia. Pensei escatologia, fé e arte na linha do antropólogo catalão Miguel Delgado, para quem o grotesco, em vez de ser uma negação do divino, pode realmente significar uma intensificação do sagrado. Pois, "o que poderia ser mais grotesco do que a crucificação de Jesus Cristo, uma tortura pública e sangrenta, como o momento definidor na história do Cristianismo?”. Assim, a escatologia catalã é uma tradição na qual o grotesco intensifica o sagrado ao invés de negá-lo. Os personagens dessa escatologia são natalinos. Nos presépios, simbolizando fertilidade e sorte, aparecem os caganer que representam um camponês defecando. A atualização desse repertório e suas vertentes laicas na arte popular e erudita refletem a vivacidade das expressões culturais e identidade catalã, principalmente após o movimento pela independência em 2017. O ensaio pretende demonstrar a vitalidade das tradições escatológicas catalã principalmente no espaço público. Ao longo do dramático processo de tentativa de independência da Catalunha os signos identitários nacionais foram revitalzados. Assim, a escatologia no espaço público tornou-se signo da identidade e território em disputa. Optei portanto por construir o ensaio com imagem realizadas em espaços públicos demonstrando a legitimidade e orgulho social destas tradições escatológicas. Neste mesmo sentido também trabalhei as imagens de forma a deixar evidente o seu apelo turístico e mesmo de exotismo. Nesta linha pensei em temas relacionados a uma antropologia reversa e surrealista aproveitando a comicidade típica da escatologia catalã.

Sauropsida: aves e lagartos, um parentesco em comum
Ficha Técnica
Ana Carolina Brasileiro Melo
Texto de apresentação da obra
Aves e lagartos apresentam comportamentos bem distintos, enquanto um alça vôo pelos céus, o outro rasteja, enquanto um apresenta o corpo coberto predominantemente de penas, o outro tem o corpo coberto predominantemente de escamas. Apesar das diferenças ambos fazem parte de um grupo em comum, os Sauropsida, que inclui crocodilos, tartaturas, lagartos, serpentes, mas também as aves, os parentes mais próximos dos extintos dinossauros. Esta obra tem como objetivo mostrar a beleza deste grupo, e relembrar o passado que eles têm em comum.

Selvagem
Ficha Técnica
Rafael Carvalho
Texto de apresentação da obra
Na série fotográfica "Selvagem" parto de registros cotidianos entre o ir e vir da minha casa, trabalho e universidade observando as disputas do espaço em que, no caso desse recorte, é a relação entre o concreto e as construções humanas que se sobrepõe a natureza, as violências aos corpos não humanos, mas que mesmo assim, a vida selvagem emerge nas frestas e nos abandonos se recriando e mostrando novas potências de existir como diz Ailton Krenak em "Futuro Ancestral" (2022). Temos que parar com essa fúria de meter asfalto e cimento em tudo. Nossos córregos estão sem respirar, porque uma mentalidade de catacumba, agravada com a política do marco sanitário, acha que tem que meter uma placa de concreto em cima de qualquer corregozinho, como se fosse uma vergonha ter água correndo ali. As sinuosidades do corpo dos rios é insuportável para a mente reta, concreta e ereta de quem planeja o urbano. Hoje, na maior parte do tempo, o planejamento urbano é feito contra a paisagem. Como reconverter o tecido urbano industrial em tecido urbano natural, trazendo a natureza para o centro e transformando as cidades por dentro? (KRENAK, 2022, p. 34) Como a ideia de que a vida é selvagem poderia incidir sobre a produção do pensamento urbanístico hoje? É uma convocatória a uma rebelião do ponto de vista epistemológico, de colaborar com a produção da vida. Quando eu falo que a vida é selvagem, quero chamar atenção para uma potência de existir que tem uma poética esquecida, abandonada pelas escolas que formam os profissionais que perpetuam a lógica de que a civilização é urbana, e tudo que está fora das cidades é bárbaro, primitivo - e a gente pode tacar fogo. ( ... ) Temos que reflorestar o nosso imaginário e, assim, quem sabe, a gente consiga se reaproximar de uma poética de urbanidade que devolva a potência da vida, em vez de ficarmos repetindo os gregos e os romanos. (KRENAK, 2022, p. 20, 36)
Teko

Ficha Técnica
Ana Paula Alberton de Mello
Fábio Abbud da Silva
Texto de apresentação da obra
Fazem cerca de 10 anos que nos aproximamos da Tekoá Tavaí, em Cristal RS. Neste período estreitamos laços e desenvolvemos projetos protagonizados pelo povo Mbyá Guarani. Entre visitas para alinhar projetos culturais, a gravação de filmes, a mediação de visitas de escolares, ou de visitas sem um objetivo específico, acumulamos vídeos e fotos, muitas vezes demandados pelos próprios integrantes da comunidade. A partir de 2025 iniciamos a convivência com a Tekoá Ka’a Mirindy em Camaquã e, da mesma forma, a convivência permitiu a produção de registros solicitados pelos guaranis ou feitos com a sua autorização. Com a oportunidade gerada pelo XIII Visualidades fizemos uma curadoria de imagens que registram elementos da cultura desta comunidade. O recorte desta curadoria perpassa pelas relações das infâncias e da maternidade, bem como, suas práticas alimentares tradicionais. Desta forma, intitulamos a série de fotografias de “teko” que em guarani m’byá significa modo de ser, no sentido de como vivem e se relacionam com o mundo, suas crenças, práticas sociais e a forma da transmissão de conhecimento. Nessa perspectiva, esse conjunto de fotografias narra Ser guarani, detalhes que capturam a cosmologia desse povo, seu próprio tempo e sua cultura. É uma expressão dos modos de viver de um povo em luta constante contra o apagamento de suas memórias e sentidos. As fotografias são das tekoás tava’í em Cristal e ka’a mirindy em Camaquã, no Rio Grande do Sul.
#15M

Ficha Técnica
Hamilton Oliveira Bittencourt Junior
Texto de apresentação da obra
Fotografias feitas no protesto contra o Governo Federal quando anunciou cortes no orçamento dos institutos e universidades federais. A comunidade pelotense, estudantes, professores e técnicos da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Instituto Federal Sul-rio-grandense (IFSul), marcharam em defesa da educação pública e contra a reforma da previdência pelas ruas da cidade de Pelotas/RS em 15 de maio de 2019. Esse ensaio mostra as placas de protesto carregadas pelos manifestantes.
DOSSIÊ NUTRIÇÃO

Ficha Técnica
Ana Flor
Texto de apresentação da obra
Essa experiência estética está conectada às experiências plurais de criação, colocando em evidência o doméstico e visibilizando o trabalho reprodutivo. Ademais, trata-se do uma fração da criação: nutrimos ao passo que nos doamos. Criamos enquanto criamos nossos filhos. O dossiê deposita a atenção e a intenção nos processos da vida doméstica, ou seja, é a própria experiência de fazer a grande poesia dessa obra. Criar é intervenção, e toda intervenção é política, vital, artística e ancestral. Quando sou a nutrição, me lembro que fui nutrida e lembro também quando não fui. Os registros são o diário da mãe-mulher que sou, por isso contém uma pluralidade de emoções que permeiam a vidamaternar. O trabalho é a fricção do viver e criar, conectados ao ato de ser artista-mãe, mulher-mãe e das diversas hifenizações de si mesma. O endereçamento da criação artística se interconecta à criação dos filhos. Por isso esse trabalho não é exclusivamente uma criação individual e não atende aos parâmetros produtivistas do capitalismo, quando reconheço que ele é o próprio processo de sermos e vivermos. Assinamos, Ana Flor e Nina Petra mãe e filha. Ana Flor é artista visual, produtora cultural, Conservadora e Restauradora de Bens Culturais Móveis/UFPel. Desde 2011 gerencia Alumiar Casa de Arte, único espaço cultural independente dedicado às artes visuais na região centro-sul do estado gaúcho. É co-criadora, curadora e produtora do Salão Costa Doce de Arte Contemporânea, edições 2021 e 2022. É idealizadora, produtora e curadora da Residência Artística – Ressoar, edição para artistas-mães em 2025. Articulou a criação e presidiu o Conselho Municipal da Cultura de Cristal entre 2017 a 2021, sendo a primeira presidente do conselho. De 2015 a 2022 foi oficineira de Artes em projetos sociais, centros de convivência e fortalecimento de vínculo e grupos da Rede de Atendimento Psicossocial. É Agente Territorial de Cultura do Programa Nacional dos Comitês de Cultura/MinC e atua no apoio a mulheres trabalhadoras da cultura para participação nas políticas públicas e nos ambientes de participação política. Realiza intervenções com bordado, palavras, flores e folhas em diversos suportes e coloca a câmera a serviço das causas político-afetivas. Identifica-se como uma artista etc, e busca trazer narrativas do feminino, da maternidade e dos amplos sentidos que possui a palavra casa.